domingo, 29 de janeiro de 2017

Até o úĺtimo Homem


Ate o ultimo homem (Hacksaw Ridge 2016)
Dirigido por Mel Gibson
Escrito por Andrew Knight e Robert Schenkkan.

Ate o Ultimo Homem é um filmaço de guerra que estreou em janeiro de 2017 nos cinemas brasileiros. Dirigido pelo grande e maluco Mel Gibson, o filme coloca a guerra na tela em toda a sua violência de forma dramática e assustadora. De forma que podemos nos lembrar de filmes do nível de O Resgate do Soldado Ryan, Falcão Negro em Perigo, A Conquista da Honra e Cartas para Iwo Jima. Um grande filme machista que já pode ter o seu lugar disputando o Oscar e papando alguns prêmios.
O filme conta a historia real de Desmond Doss, um soldado averso ao uso de armas que se alista como medico justamente para salvar vidas em campo de batalha. Um grande problema que deu muita dor de cabeça para seus superiores quando Desmond é designado para combater junto a outros soldados.
Mesmo sofrendo julgamento por Corte Marcial, sendo humilhado e até agredido pelos outros soldados, Desmond ainda assim embarca para o combate contra o Japoneses na batalha de Okinawa.


As origens humildes e os valores que formaram Desmond Doss.
Desmond ( Interpretado por Andrew Garfield) teve uma infância humilde com sua família. Seu pai (Hugo Weaving) é traumatizado da Primeira Guerra em um tempo onde os veteranos nem recebiam tratamento para a Síndrome de Stress Pós Traumático. Jogou-se no alcoolismo que frequentemente o transformavam em um homem violento e cruel. O filme apresenta o Pai de Desmond conversando bêbado no cemitério com o túmulos de seus amigos. Literalmente tratando a sua dor com a bebida.
Ao voltar para casa, encontra Desmond brigando com seu irmão Hal. Ele decide então sentar e descansar ao invés de intervir na briga dos meninos. E quando a mãe deles pergunta se ele não vai separar a briga, ele só responde:
- Pra que? É mais fácil só bater em quem ganhar...

Nisso, Desmond junta um bom tijolo do chão e dá uma boa tijolada na cabeça de seu irmão Hal. Que desmaia imediatamente para desespero tanto da mãe quanto de Desmond. Que se volta imediatamente para os seus valores morais religiosos sobre não matar. Fato que o marcou por toda a vida.
Logico, também existe outro fato na vida de Desmond que o faz se afastar completamente das armas quando mais velho. Quando mais velho, Desmond escuta uma briga violenta de seus pais e se levanta da cama para conter seu pai que estava bêbado e ameaçando a sua mãe com uma arma. Desmond entra na briga para desarmar o seu pai e a arma dispara. Desmond então toma a arma de seu pai e quase o mata. Naquela noite eles descobrem que aquele único tiro atingiu seu irmão Hal que dormia no andar de cima da casa.
Desmond se sente profundamente culpado pelo que aconteceu e resolve que nunca mais usará uma arma.

O herói se encontra
Certa vez, Desmond presencia um acidente com um rapaz, mecânico, que sofreu um acidente que rompeu uma artéria. Desmond ajuda a estancar a hemorragia fazendo um torniquete e leva o rapaz para a emergência. Chegando ao hospital, Desmond reencontra a velha vontade que sempre teve de ser medico, de ajudar pessoas e salvar vidas. Vontade que nunca pode fazer por não ter tido oportunidades de estudo. Desmond encontra o caminho daquilo que sempre teve vontade de fazer e neste caminho acaba ate mesmo conhecendo a enfermeira Dorothy. Sua futura companheira interpretada pela linda e talentosa Teresa Palmer.
A cena onde os dois se conhecem tem um humor involuntário e sincero com Desmond olhando feito um bobo para ela ao mesmo tempo onde procura ter uma conversa racional.
Desmond e Dorothy logo começam a sair e ir ao cinema enquanto ele tenta dar as melhores cantadas bregas que consegue imaginar. Mas o que dá certo mesmo é o primeiro beijo roubado com direito a ele ganhar um bom tabefe. Porque o amor e lindo...

O chamado para a guerra.
O mundo sofreu muito com a ameaça dos socialistas na Europa. Socialistas italianos conhecidos como Fascistas, socialistas alemães conhecidos como nazistas (que vem do nome do partido Nacional Socialista dos trabalhadores alemães) e socialistas soviéticos conhecidos como comunistas devastaram a Europa de tal jeito que deixaram milhões de mortos e países inteiros em ruinas.
Neste caos, o Japão, um dos impérios mais poderosos de toda a Ásia invadiu a China e começou uma guerra contra os Estados Unidos com um ataque surpresa ao porto de Pearl Harbor. O que levou milhões de jovens a se alistarem para defender os Estados Unidos.
Desmond Doss foi um destes jovens. Porem, se inscreveu para ser medico.
Infelizmente, foi mandado direito para ser um soldado comum que deveria treinar com rifles.

As dificuldades e a humilhação
Desmond Doss acabou sendo muito humilhado ao se recusar a usar qualquer tipo de arma durante o treinamento. Foi chamado constantemente de covarde e submetido ao ódio dos companheiros por se recusar a usar uma arma. Era um OC, Opositor de Consciência. Termo usado para pacifistas ou qualquer outra pessoa que conscientemente se recusava a usar uma arma ou entrar em combate. E graças a isso os seus superiores forcavam todo o seu batalhão a marchar mais, fazer mais tarefas e a se esforçar mais. Tudo para colocar a culpa nele e fazer os seus companheiros ficarem com ódio dele.

Um soldado em especial, Smithy (Luke Bracey), simplesmente odiou que Desmond fosse contrario as armas ao mesmo tempo em que era tão bom nos exercícios quanto ele. Smithy estava sempre pronto a provocar e a brigar com Desmond. Mas mesmo ele não gostou de ver Desmond apanhando sozinho de todos os seus colegas.

O Direito de pensar diferente
Durante um dos poucos dias de folga do exercito, um dos oficiais superiores simplesmente chega ate o gabinete e explica que Desmond não pode deixar o alojamento sem fazer o curso de tiro. E que para sair do alojamento, ele deveria pegar em uma arma e mostrar que concluiu o curso. E como Desmond se negou a obedecer esta ordem, foi preso no único dia de folga que teria para se casar com Dorothy.

Desmond é então forçado a um julgamento onde deveria aceitar uma sentença por insubordinação e assim ser expulso com todas as desonras de um covarde.
Mas durante o julgamento, Desmond se nega a cooperar com as cartas marcadas e se pronuncia como inocente das acusações de insubordinação.
Isso por que ele é perfeitamente capaz de cumprir qualquer ordem de seus superiores contando que a mesma não envolva usar armas ou o assassinato de outro ser humano. O julgamento então se torna uma Corte Marcial.
O que ninguém esperava era que o próprio pai de Desmond adentrasse o tribunal com um documento assinado por seu antigo superior. O documento lembraria a todos de um direito pelo qual o pai de Desmond lutou para manter junto com seus companheiros que morreram.
O direito de consciência garante que toda pessoa possa pensar e agir de acordo com suas próprias convicções e crenças. Direito que só pode ser limitado ou retirado em força de situação extrema. Essa é a base do direito de pensar diferente, de ter crenças diferentes e de agir diferente se isso não prejudicar o direito de outras pessoas. Um verdadeiro direito democrático defendido por verdadeiros liberais e conservadores. (Lembrete: Não existe liberal de Esquerda, o nome disso é idiota-útil)
Desmond garante assim o direito de ir para a guerra sem ter que carregar uma arma.
O Respeito a Mulher
A parte dos meu reviews que fazem as feministas ficarem com tanto ódio a ponto de arrancarem até os pelos coloridos do cu é quando eu falo do papel do respeito as mulheres em filmes machistas como este.
Isso pois filmes machistas como este normalmente colocam a mulher como sendo um verdadeiro compasso que ajuda o herói a se encontrar mesmo quando ele mesmo se julga perdido e derrotado. Dorothy é aquela companheira que visita Desmond na cadeia antes do julgamento. Ela entende que Desmond não foi ao próprio casamento, mas não porque desistiu dela, mas sim porque ele não desistiu das próprias convicções e foi preso por isso.

Em uma cena muito bonita, Dorothy o conforta e depois o questiona sobre o que ele acredita:
- Você faz isso por orgulho, vaidade ou teimosia?
Isso ocorre para que o herói explique o seu ponto de vista, aquilo que acredita e aquilo que vivencia. Uma cena bonita de companheirismo que da novas forças para Desmond.
Dorothy é aquela pessoa que vive no coração do guerreiro e que o ajuda a sentar as ideias e reforçar aquilo que acredita sobre certo e errado. Filmes machistas normalmente colocam estas companheiras carregando estandartes de Voz da Razão, como guerreira, heroína fodona e outros recursos para ajudar a contar boas historias e construir o caráter do verdadeiro herói.
Mas Dorothy Doss? Ela foi mais do que isso pois, foi uma pessoa real que acompanhou Desmond até o fim de sua vida em 1991.

A guerra
Mel Gibson é maluco. E como cineasta, consegue compor historias como poucos são capazes.
Desde Coração Valente que ele demonstra saber o equilíbrio para contar uma historia com paixão, valores familiares fortes e a construção de um herói que realmente sabe pelo que esta lutando.
E se metade do filme mostra a calmaria de uma vida já conturbada: O que vem a seguir é uma tempestade ocorrendo durante a passagem de um tornado nível 5! Os soldados mal chegam a batalha de Okinawa e se deparam com caminhões carreando soldados mortos. Alguns dos soldados retiram seus capacetes em sinal de respeito e Desmond faz o mesmo.
Os soldados são encaminhados então ao desfiladeiro de Hacksaw, onde tem que subir um enorme paredão de pedra por uma grande escada de cordas.
E se antes desta cena de batalha nos já tivemos cenas que mostram um pouco dos horrores da guerra, então agora podemos afirmar que os horrores são praticamente jogados para cima dos soldados e para cima de nós que somos espectadores.
As cenas de batalha são literalmente viscerais enquanto as vísceras de dezenas de soldados são jogadas ao ar. Podemos ver soldados serem praticamente despedaçados por balas, explodidos por granadas, queimados com lança-chamas e os horrores do combate corpo-a-corpo.

No filme podemos ver tanto o desespero quanto as ações táticas dos soldados americanos.
Smithy, o soldado que mais odiava Desmond, mostra a que veio em cenas de extrema coragem durante a batalha. Uma das cenas que chama a atenção é quando ele retira o cadaver de um inimigo e o usa como escudo enquanto avança e atira nos inimigos.
Desmond também faz o possível como medico e bravamente vai resgatando quantos companheiros conseguir.

E assim, com toda a dificuldade possível, os americanos vencem neste dia.

Durante a noite, Smithy divide uma trincheira com Desmond onde finalmente reconhece o valor dele em campo de batalha como medico e efetuando resgates. Os dois finalmente conversam depois de tudo. Existe um sincero pedido de desculpas e o reconhecimento do erro de julgamento por parte de Smithy.
Na alvorada do segundo dia, os japoneses surgem junto com o Sol. Um ataque coordenado de centenas de Japoneses prontos a tomar o local. Alguns soldados americanos são mortos antes mesmo de acordar e os outros precisam lutar contra dezenas de inimigos. A única saída dos americanos e ordenar um ataque aéreo na própria posição enquanto os soldados batem em retirada. Ao final, só 32 soldados voltam vivos de lá.
Desmond e quase uma centena de soldados ficam para trás.

Ao final, Desmond finalmente cai aos prantos pedindo a deus uma explicação ou um caminho para a carnificina que acabou de presenciar. Qual o sentido daquilo. Por um momento profundo Desmond perde todas as esperanças.  Um silencio ensurdecedor toma conta até que um único pedido de ajuda é ouvido por Desmond.

E então ele entendeu o que deveria fazer.

Desmond então corre para resgatar o soldado, lhe da um pouco de morfina, prepara um torniquete e então o leva ate a escada de cordas onde engenhosamente utiliza um no para segurar cada uma das pernas e outro que segura o tronco do soldado. E assim ele vai cuidadosamente baixando o primeiro soldado pelo paredão de quase quarenta metros.
E então o filme começa a acompanhar Desmond durante o resgate de seus companheiros sozinho e em território inimigo. Com soldados japoneses patrulhando e matando sobreviventes a toda hora. Existem cenas extremamente tensas de muito suspense e outras que remetem ao mais puro horror. E em meio a isso existe o Soldado Desmond Doss procurando salvar quantos feridos conseguir. São cenas heroicas de esperança e coragem.

Temos cenas onde Desmond acaba encontrando amigos e soldados que antes o consideravam como um covarde. Cada soldado com uma historia e muitos deles com o rumo de suas vidas mudados por Desmond. Que a cada soldado resgatado apenas voltava para o campo de batalha enquanto repetia para si mesmo: “Só mais um, só mais um!”
Aos poucos os japoneses descobrem que Desmond esta no campo de batalha e começam a caçá-lo enquanto procuram por mais sobreviventes. Existe até mesmo uma cena bem tensa onde Desmond adentra os tuneis japoneses. E antes de sair de lá, tem a misericórdia de cuidar de um soldado japonês ferido. Ao final, o superior de Desmond se surpreende que tantos soldados feridos tenham voltado de Hacksaw e descobre que Desmond esta resgatando a todos sozinho há horas. Ele então junta um grupo de resgate.

Sei que é feio contar o final de um filme. Principalmente se o filme ainda está nos cinemas.
Então prometo só contar um pouco e deixa as surpresas para quem quiser assistir.
Desmond resgatou nada menos que 75 soldados feridos, ganhou a famosa Medalha de Honra e o filme termina mostrando algumas entrevistas emocionantes tanto de Desmond quanto de seus superiores e sobreviventes. E embora Desmond tenha falecido em 2006, sua vida deixou fortes lições além deste filmaço! Recomendado!

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