quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Hercules

  
   Um review de um filme que definitivamente me surpreendeu positivamente e que merece ser assistido. Já que é o melhor filme sobre o mítico personagem em décadas. E considerando que nos últimos anos tivemos inúmeras produções de boa qualidade com histórias de lixo, isso significa muito!

   A história começa com um homem chamado Alcides.
   Alcides era brigão, mulherengo, beberrão e muito, muito violento. Alcides era grande e forte por fora, mas fraco por dentro. Não gostava de pensar nas consequências de seus atos e seu ego era tão frágil que era capaz de surrar alguém mais fraco só para provar sua força. Mas um dia Alcides apareceu completamente ensanguentado em meio a cidade de Atenas e implorando para ser preso e executado.
   As autoridades não entendiam o que se passava com Alcides; Porque ele chorava todo ensanguentado implorando pela morte. E questionado acabou revelando sua tragédia.
   No auge de seu alcoolismo e violência Alcides havia feito a tragédia de matar sua família!
 
   As autoridades ficaram chocadas ao saberem disso; Um homem que chegou ao fundo do poço de matar mulher e filhos! Uma loucura! Alcides implorava pela morte quando as autoridades decidiram leva-lo até a presença do Oráculo de Delfos para que uma sentença de morte justa possa acalmar até mesmo os deuses.

   Mas para a surpresa de todos; O Oráculo de Delfos determinou que Alcides devesse se apresentar diante do Rei Euristeu. O qual iria lhe dar 12 trabalhos para expiar seus pecados perante os deuses. Alcides começaria mudando totalmente de vida até o dia de sua morte.
   Seu nome também deveria ser mudado. Alcides significa aquele que atrai a essência das ideias, da inteligência e da sabedoria. Mas depois daquele dia ele recebeu o nome de Hercules - Aquele que procura a purificação, o sagrado, a ética e a verdade.

   E seus 12 trabalhos tem significados profundos e religiosos que Hollywood parece nunca ter entendido até hoje. Mas este filme ao menos honra a lenda e vale o ingresso no cinema.

   Eu estou explicando o quão pouco da lenda do Hercules foi parar na tela para deixar claro que fui ao cinema com as expectativas extremamente baixas. Onde o menos pior dos filmes do heroi foi aquele filme do Lou Ferrigno de 1987! E de lá pra cá saíram mais de 50 filmes sobre o personagem e todos foram uma bosta!

   De fato: Este filme foi inspirado na pior história do Hercules que eu já vi desde Hercules Reborn (produzido por uma produtora que já é mega conhecida por fazer filmes podrões). A história em HQ Hercules e as Guerras Tracias!

Saca uma revista que só vale a pena pelas pinturas e desenhos? Pois é...

   Hércules e as Guerras Tracias foi escrita por Steve Moore com arte de Cris Bolsin e só merece ser lida pela arte mesmo. Já que a história faz questão de mostrar todos os personagens como assassinos genocidas que acabam sendo glorificados por isso. Inclusive Hércules, que está matando a torto e a direito.
 
   Steve Moore escreveu uma história tão merda, mas tão merda sobre um conceito tão foda que acabou Paunocuzeado pelo estúdio na hora de vender seus direitos para o cinema. Morrendo pobre e desconhecido. E deixando bem claro que eu fui ao cinema com as piores impressões possíveis...

   Normalmente eu torço meu nariz quando um filme chuta pra longe o material original em nome do dinheiro.
   Mas aqui eu realmente comemorei. O diretor Brett Ratner e sua equipe de roteiristas (Ryan Condal e Evan Spiliotopoulos) olharam para a revista e decidiram estuprar o material original pelo bem maior!
   Isto porque Steve Moore usou personagens que existem de verdade na mitologia grega para compor os companheiros de Hércules. Porém, teve todo o trabalho de cagar cada um deles e transformar a todos em assassinos genocidas e gananciosos. O Material original da revista consegue não ter nenhum herói.
   Foi então que os roteiristas resolveram rescrever o roteiro do filme e que Steve Moore tinha mais é que se fuder.

   O filme mostra Hércules (Dwayne Johnson) como um mercenário que usa o bom sobrinho para propagar suas lendas sobre os 12 trabalhos que praticou para o Rei Euristeu. Afim de aumentar sua lenda e o preço de seus serviços. Contando com outros mercenários fodões e pouco conhecidos como o bárbaro Tídeus (Aksel Hennie) que foi resgatado por Hércules e sofre de stress pós traumático, a arqueira/ladina Atalanta (Ingrid Bolsø Berdal) a heroina mitológica que caçou o javali da Calidônia, o guerreiro ladrão Autolicos (Rufus Sewell) que na mitologia é filho do próprio Hermes, o bardo Iolaus (Reece Ritchie)que ajudou Hércules em alguns de seus trabalhos e o mago/vidente Anfiaraus (Ian McShane).
   Todos personagens mitológicos reaproveitados e desperdiçados na história original de Steve Moore. Mas mostrados com respeito e muito bem usados no filme.

   O filme brinca com a lenda mostrando Hércules como um soldado que conseguiu a glória ao fazer seus trabalhos antes do ocorrido de sua tragédia. Exilando-se de Atenas pelo crime de matar a própria família e sobrevivendo como mercenário junto aos amigos. Sua história é contada de forma romanceada por Iolaus, que aumenta muito os atos do Tio Hércules, enquanto que o mesmo se lembra das mesmas como feitos de um homem comum. Aumentados pela visão limitada e supersticiosa da época. O que ficou divertido.

   E por ser um filme divertido, vale a pena ver.
   Mas o filme também tem suas surpresas e aqui vemos uma autentica e bem montada cena de guerra com uma pequena legião de trácios treinados por Hércules usando a famosa estratégia da Parede de Escudos contra um exercito de sanguinários bárbaros. Uma cena muito bem feita!

   O filme tem sangue e violência, mas não se baseia nisso para ser divertido. Podendo até passar numa sessão da tarde se cortarem algumas cenas e uns peitinhos.


Spoilers!
    A brincadeira do filme é simples. Hércules não é o filho de Zeus, mas sim um soldado que criou esta fama para ter seus serviços como mercenário valorizados. Brincando com a visão supersticiosa que as pessoas tem sobre aquilo que não entendem. Mas isso não significa que Hércules seja apenas uma enganação. Ele é um soldado foda com um exercito pessoal de amigos mercenários. E por mais que Iolaus fantasie as histórias do Tio, Hércules ainda fez missões perigosíssimas enfrentando exércitos de inimigos humanos.

    Tem o discurso sobre superação que todo mundo precisa ouvir de vez em quando. O que eu curto muito.

    Mas o legal é que o final brinca de plot twist de uma maneira natural e bem feita. Inclusive com um aspecto de brincar com a mitologia do herói sem desrespeita-la. Envolvendo sua busca por Cérbero.
   O único trabalho que Hércules ainda não tinha conseguido terminar...

    Um filme que ao mesmo tempo brinca enquanto respeita e diverte. 
    Obrigado Brett Ratner e Dwayne Johnson...

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