sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A conquista da Honra

   Clint Eastwood, porra!
     Preciso de mais algo para dizer que este é um filme machista? Sem falar que eu realmente tenho que lembrar alguém que machismo não é errado e nem crime? E que o ponto de vista masculino (machista) é perfeitamente capaz de produzir boas obras que tratem de assuntos como amizade, amor, família, sacrifício e do próprio sentido da vida?

Pois bem...

A Conquista da Honra (Flags of Our Fathers) 2006
Dirigido por Clint Eastwood
Escrito por James Bradley e Ron Powers

   A grosso modo, podemos simplificar este filme dizendo que ele é sobre a história da famosa foto tirada durante a Batalha de Iwo Jima. Onde soldados americanos hastearam a bandeira americana em solo japonês em meio a batalha...

   Mas o filme é mais do que isso. Já que conta com uma recriação muito precisa e violenta da batalha.
   Mas só isso não faz um filme. A guerra não é uma aventura e pessoas de verdade estão lutando ali. 
   Lutando e morrendo aos pedaços.

   Clint Eastwood conta a história da foto sob o ponto de vista dos soldados que enfrentaram aquele inferno e os mostra de uma maneira humana. Com um detalhe que chama a atenção: Grande parte do filme se passa longe do cenário da guerra. Com os soldados voltando para os Estados Unidos e fazendo uma enorme campanha pelo pais para arrecadar fundos para a guerra. E mesmo longe da guerra, os soldados se lembravam claramente do inferno da guerra.

  Reparem que a guerra é mostrada em sua forma mais visceral no começo do filme. Mas que logo depois, os soldados voltam para o pais de origem e lá é onde se lembram de outros fatos sobre a campanha.
  O filme mostra que os heróis são apenas três soldados completamente traumatizados que não tem nenhum tratamento psicológico e que tem que esconder toda a angustia e dor por aquilo que passaram. Eles praticamente caíram de paraquedas no meio de uma situação política e que nem mesmo entendiam e aceitavam serem chamados de heróis.

   Chama a atenção no filme o indígena Ira Hayes, que é o personagem calado, solitário e até mesmo brigão.
   Mas basta ele se encontrar com a mãe de seu amigo morto no conflito que ele então a abraça emocionado e chora transbordando toda a dor que sente. Todos os traumas de um homem que não quer ser chamado de herói. Pois ele entende que um herói conseguiria salvar o amigo...

   De fato, nenhum dos homens entendiam a construção falsa de um herói.
   Soldados servem ao seu pais, mas eles só lutam e morrem mesmo é pelos amigos.

   O filme mostra aqueles três soldados agora servindo de propaganda para o governo. E um detalhe que vocês poderão notar se verem o filme é que eles não pedem absolutamente nada em troca. Nada de dinheiro ou de valor comercial. O único pedido que realmente foi feito foi o que tem valor de verdade.
   Quando Ira pede para ver sua mãe antes de embarcar novamente para a guerra.

   E como todo bom filme de Clint Eastwood, é um filme que se transforma e questiona a própria essência.
   Como o filme Os Imperdoáveis (The Unforgiven) que questiona os "heroicos bandidos do velho Oeste", aqui temos um filme de guerra que questiona os próprios atos heroicos da Segunda Guerra. Com soldados tão humanos quanto eu ou você que enfrentaram o inferno e que agora vivem aos pedaços em um mundo que não os entende ou mesmo liga para eles...

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